E eu nem queria ser mãe 344nn

É proibida a entrada de crianças! o3i2f

Eu estava ali, sozinha. Minhas duas crianças estavam na escola, mas quantas vezes estive em cenários como aquele, acompanhada deles, por não ter opção? 5w6g50

O aviso poderia estar numa porta de balada às 23h, numa pista de corrida ou qualquer outro cenário incabível para crianças, mas, não, era uma placa em uma clínica de exames. Destas que colhem sangue, fazem ultrassom, testes cardiológicos.

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Placa que sinaliza a proibição da entrada de crianças em um recinto (Foto Reprodução)

Óbvio que entendo não ser um local ideal aos pequenos, porém, quando bati os olhos naquele recado, me formou um nó na garganta.

Eu estava ali, sozinha. Minhas duas crianças estavam na escola, mas quantas vezes estive em cenários como aquele, acompanhada deles, por não ter opção?

Isso porque falo de um lugar de privilégio em que tenho apoio familiar e divisão de cuidado com o meu companheiro para com nossos filhos. Nem de longe minha situação se assemelha a de uma mãe solo.

Dói a alma saber que, diante de placas como aquela, mulheres simplesmente desistem de si, mesmo que temporariamente. E não tô dizendo exatamente àquela situação. Em muitos lugares nem é preciso placa. O ambiente hostil com criança é um convite à exclusão de mães.

Ao questionar nas minhas redes sociais sobre o que a mulher deixou de fazer após a chegada da maternidade, as respostas foram muitas. Do clássico “nunca mais dormi” ao abandono do cuidado trivial com a saúde. Vocês não têm noção de quantas mulheres mães me disseram que estão perdendo os dentes por não ter como ir ao dentista.

Outras muitas me confessaram que a última ida ao ginecologista foi no pós-parto, dois, três anos atrás. Aí está o início de uma reação em cadeia quando o assunto é saúde. Como conseguir prevenir algo se sequer podemos ir ao médico em emergências?

A gente se negligencia em detrimento do cuidado ao outro. A gente se adia porque simplesmente não há outra alternativa nos primeiros anos de vida do filho. Vejam bem, este texto diz respeito a mulheres sem qualquer rede de apoio. Pode parecer fácil resolver “é só deixar com alguém por umas horas”.

Tá, mas alguém quem?

Outros relatos justificam a desistência materna em sair de casa: crianças não são toleradas. Desde renovar a CNH a ir numa consulta médica, mulheres relataram constrangimento quando surgem no local com suas crianças a tiracolo.

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Uma delas me revelou ter deixado a criança com a recepcionista para poder fazer um de exame de vista. Era a única forma de conseguir. E obviamente, mesmo sabendo que era a única solução naquela hora, depois veio a culpa “deixei meu filho com uma estranha”.

Aos olhos de quem não faz ideia do que é isso, pode parecer exagero. Se esquecem que filho é responsa das bravas e presença integral na vida da mãe. Não tem jeitinho. Ah, mas eles crescem! Sim, sabemos, porém, estamos aqui listando coisas básicas como fazer exame médico, coisa que não tem como adiar por uma década até que a criança cresça.

A real é que a sociedade te convida à vida roteirizada do namorar/casar/procriar, só que depois disso o discurso muda de tom drasticamente ao mais puro suco do “quem pariu mantém e o embale”.

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Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista E eu nem queria ser mãe, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

Comentários (1) 2w2z4q

  • Brigida Aparecida da Silva Godoy

    O autor da placa deve ter queimado etapas,já saiu do útero, direto para a velhice,pois quem pensa assim já morreu ,ou nem nasceu, infelizmente e saiba que é positivo o aviso:boicote já,pois onde não aceitam crianças nem vou, falência para eles,pois de sentimentos e respeito já faliram ???????????????

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