Jaqueline Naujorks

Não Sou Obrigada 711y51

Festas de fim de ano? Não sou obrigada a cuidar de tudo enquanto você se diverte v1r2v

Se as mulheres não tivessem se organizado com limpeza, compras, cardápio, cozinha, decoração, visitas e toneladas de louça, como seria a ceia na sua casa?

Jaqueline Naujorks

As festas de fim de ano são um verdadeiro pesadelo para donas de casa, e elas têm toda razão. Existe uma cultura que, infelizmente, ainda é tremendamente arraigada de que o trabalho doméstico é obrigação da mulher. Isso vale para as esposas, namoradas, filhas, sobrinhas, visitas, até para as mulheres da turma de amigos na praia.

Serviço doméstico é o mais pesado que existe, porque o expediente nunca acaba. Você não tem descanso semanal garantido, nem férias, muito menos remuneração justa. Não há um dia em que a mulher que cuida da casa possa simplesmente não trabalhar. Domingo, quando todo mundo descansa, alguém estará acionando essa mulher para resolver alguma coisa, seja comida, seja organização. O trabalho nunca acaba.

“Ah, mas ela não me pediu ajuda”
E precisa pedir? Você é um adulto. Se tem louça suja, precisa ser lavada. Se o chão está sujo, precisa ser limpo. Se o banheiro está fedendo, precisa jogar água. ALGUÉM precisa fazer. Se você não fizer, adivinhe quem vai acabar fazendo?

“Ah, mas eu trabalho fora a semana inteira e paguei pela ceia”
E por isso você deve se comportar como um filhote de pássaro sentado no ninho com a boca aberta esperando que alguém te alimente? Trabalhar fora não faz de você um incapaz quando cruza a porta de casa.

“Ah, mas eu ajudei a cozinhar, fiz o churrasco”
E quem lavou a louça engordurada, secou, guardou, limpou o chão e a sujeira em volta da churrasqueira? Também foi você?

“Ah, mas mulher sabe organizar melhor”
Quer dizer que quando as visitas chegam, você não sabe onde ficam os lençóis na sua casa para trocar? Você não sabe que precisa deixar toalha no banheiro? Você não sabe que a casa suja em dobro? Qual é a dificuldade em levantar e fazer algo sem ser demandado?

“Ah, mas aqui quem faz é a empregada”
Uma mulher deixou de ar o natal com a própria família para servir a sua. Essa mulher está sendo remunerada de acordo, ou vai ganhar só um panetone ruim e uma marmita com as sobras da sua ceia ao final da jornada?

“Ah, mas eu estou cansado”
É mesmo? Cê jura, querido?

E na hora da festa, a mulher que funcionou o dia inteiro estará servindo as pessoas, cansada, sem escova no cabelo, exausta demais para se maquiar e só desejando que tudo acabe logo para poder descansar. Você acha isso justo?

As festas não deveriam ser um pesadelo para ninguém. Se o serviço doméstico fosse encarado sempre como uma obrigação de todos que habitam a casa, isso não aconteceria, é 50/50. Não tem como fugir da louça suja, do chão sujo, do banheiro sujo. Tem que resolver, e ainda que você seja o provedor, isso não é obrigação apenas da sua esposa. Ela é sua companheira, não sua funcionária.

Ainda temos pela frente a festa de ano novo. Experimente ajudar no processo sem que as
mulheres precisem pedir. Faça a sua parte, alivie a carga, você não vai ser menos viril se for visto pelos vizinhos com um rodo na mão lavando a calçada. Terminou a ceia? Recolha você os pratos, guarde as comidas, e experimente fazer isso na frente das visitas. Observe o olhar dos outros homens, e depois você me conta.

Parceria, companheirismo, é sobre isso também. Faça sua parte para que toda mulher tenha o direito de estar cintilante no dia 31, unhas feitas, se sentindo linda, tendo pleno direito de usar branco sem medo de sujar a roupa porque sabe que não vai servir o jantar sozinha nem lavar louça até o amanhecer do novo ano.

Este conteúdo reflete, apenas, a opinião do colunista Não Sou Obrigada, e não configura o pensamento editorial do Primeira Página.

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