Pelas ruas da história: a Rota da Ancestralidade por Cristóvão Luiz Gonçalves em Cuiabá 3i4y11

Na semana em que se celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, o Primeira Página conversou com essa personalidade, importante para o movimento na capital 343f3s

Cristóvão Luiz Gonçalves da Silva, 55 anos, além de ser atual diretor do MISC (Museu da Imagem e do Som de Cuiabá), é também idealizador da Rota da Ancestralidade e um dos sócios fundadores da lavagem da escadaria da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito.

Na semana em que se celebra o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, o Primeira Página conversou com essa personalidade, importante para o movimento em Cuiabá.

A Rota da Ancestralidade foi idealizada por Cristóvão Luiz Gonçalves em Cuiabá. (Foto: Reprodução)
A Rota da Ancestralidade foi idealizada por Cristóvão Luiz Gonçalves em Cuiabá. (Foto: Reprodução)

Cristóvão nasceu na zona leste de São Paulo e ainda criança se mudou para a capital mato-grossense para morar com os tios. A militância pelo movimento começou tendo como referência o seu irmão.

Ele conta que o irmão foi o primeiro vereador militante negro de Cuiabá e é autor da Lei Nº 3.015 de 25 de agosto de 1992, que instituiu o Dia e a Semana da Consciência Negra.

“Coxipó era um núcleo, assim como tinham vários outros núcleos em Cuiabá. Tinha no A, no Santa Isabel, Tijucal, entre outros que falavam sobre Consciência Negra. Aí que dá o meu engajamento, ele [meu irmão] me levava nas reuniões, conferências. Então a militância vem daí, do meu irmão” disse.

Para se aprofundar sobre o MISC, Cristóvão fez um intensivão com a equipe do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Ele conta que percebeu, na época, que a área técnica era muito profissional com bens materiais, mas quando se tratava dos imateriais — que dizem respeito à cultura popular, afro, quilombo — ainda havia muito a ser feito.

Com isso, eles começam a trocar ideias que fizeram com que ele saísse pelas ruas, becos e ruelas para conhecer as histórias escondidas no Centro Histórico da capital.

Rota da Ancestralidade funciona por meio de agendamento, realizado a cada dois meses, em um sábado. (Foto: Reprodução)
Rota da Ancestralidade funciona por meio de agendamento, realizado a cada dois meses, em um sábado. (Foto: Reprodução)

Rota da Ancestralidade s4x1x

O projeto nasceu em 2012, com o nome “Kizomba África de Todos Nós” e se tratava de um cortejo em alusão a consciência negra, realizado apenas em novembro.

Atualmente, a iniciativa é chamada de Rota da Ancestralidade e funciona por meio de agendamento, realizado a cada dois meses, em um sábado. Para Cristóvão a rota busca valorizar a história e preservação dessa memória ancestral em Cuiabá.

“Cuiabá tem uma influência indígena e africana muito forte. Mas como é que vou contar a minha história, de descendência africana, se os meus ancestrais não tinham aquelas edificações, casarios enormes? Como é que nossa história seria contada, se foi tudo apagada? Além disso, boa parte parte das casas simples, desses homens e mulheres foram demolidas [no Centro] e hoje são prédios, clínicas. Então, eu começo a andar nas ruas e descubro muitas famílias, histórias e memórias, que estão ali”, afirma.

Durante a conversa com o PP, Cristóvão detalhou um pouco sobre essa viagem no tempo pelo Centro Histórico.

Igreja Rosário e São Benedito. (Foto: Reprodução)
Igreja Rosário e São Benedito. (Foto: Reprodução)

Um dos locais é em frente à Igreja Rosário e São Benedito, onde por volta do ano de 1722, funcionava um garimpo, o buraco grande “as lavras do sútil”. Cristóvão conta que muitos escravos morriam soterrados em busca do ouro, no local conhecido como “alavanca de ouro”.

Outro ponto é a Rua das Pretas, a Rua do Meio do Centro Histórico, atualmente conhecida como Rua Ricardo Franco, engenheiro português, militar e branco.

“O livro do historiador Carlos Rosa fala da ‘Rua da Pretas’. E por que esse nome foi apagado e se tornou ‘Rua Ricardo Franco’? Apagamento. A ideologia do embranquecimento é muito simples, você apaga”, ressalta.

Cristóvão explica que antigamente, durante a madrugada, as mulheres negras escravas utilizavam a Rua do Meio para ir trabalhar, já que não podiam entrar pela frente nos casarões dos senhorios.

A rota é uma experiência de afroturismo. E a por sete importantes pontos na capital:

  • Largo do Rosário;
  • Igreja do Rosário;
  • Praça da Mãe Preta;
  • Praça da Mandioca;
  • Rua das Pretas;
  • Beco do Candeeiro;
  • Misc (Museu de Imagem e do Som de Cuiabá.

“A Rota da Ancestralidade preserva o patrimônio cultural, material, imaterial e filosófico de Cuiabá. Então, é a preservação dessa memória, o que é há de melhor em nós. Quando você preserva a Rota da Ancestralidade, preserva a memória de: Tereza de Benguela, Antônio Mulato, da Dona Juja, Jejé de Oyá, Dona Eulália, entre outros”, enfatiza.

Ficou interessado em conhecer a Rota da Ancestralidade? Para acompanhar as agendas e mais informações, e o Instagram do projeto.

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