Apesar de ter ficado em silêncio durante interrogatório, a empresária Julinere Goulart Bastos confessou, de forma informal, que contratou o cabo da Polícia Militar Jackson Pereira Barbosa para executar o advogado Renato Nery.

A confissão ocorreu de forma espontânea a policiais civis, no momento em que foi presa no dia 8 de maio, conforme consta na decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) que negou a soltura dela e do marido, César Sechi, suspeitos de serem os mandantes do assassinado do advogado em dezembro de 2023.

Julinere confidenciou ainda que a motivação seria a pressão constante do marido, que “chegava embriagado em casa dizendo que precisava matar Renato Nery”, por causa de um conflito pela posse de terras.

Além disso, a empresária revelou que era frequentemente extorquida pelo cabo Jackson, que morava no mesmo condomínio que ela. Ainda segundo a empresária, um bilhete de cobrança foi enviado ao marido, exigindo o pagamento pelo crime.

Esse bilhete, escrito por Jackson, teria sido entregue pessoalmente por outro policial militar envolvido, o sargento Heron Teixeira Pena Vieira, que também confessou participação no assassinato.

Com base nessas informações e nas quebras de sigilo telefônico, a juíza decidiu manter as prisões para garantir o avanço das investigações.

Rede de envolvidos

Renato Nery, advogado de 72 anos e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), foi morto com sete tiros no dia 6 de julho de 2024, ao chegar de carro no próprio escritório, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá.

Ele chegou a ser socorrido, ou por cirurgia, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.
As investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) concluíram que o crime envolveu uma rede de 10 pessoas, incluindo sete policiais militares, distribuídos entre mandantes, intermediários, executores e ocultadores.

A motivação, segundo a Polícia Civil, foi uma disputa de terras. O casal de empresários de Primavera do Leste, César Sechi e Julinere Bastos, seriam os principais interessados em eliminar o advogado, que atuava no caso contra eles.

As apurações indicam que o casal teria pagado R$ 200 mil ao sargento Heron Teixeira, que então contratou o caseiro Alex de Queiroz Silva para efetuar os disparos. O autor dos tiros foi flagrado por câmeras de segurança usando uma moto vermelha durante a ação.

Outros policiais militares também foram presos, entre eles:

• Leandro Cardoso
• Wailson Alesandro Medeiros Ramos
• Jorge Rodrigo Martins
• Wercerlley Benevides de Oliveira
• Jackson Pereira Barbosa
• Ícaro Nathan Santos Ferreira

A arma usada no assassinato, segundo a investigação, pertencia à ROTAM, o que motivou a abertura de um novo inquérito para identificar o responsável pelo armamento e o possível uso indevido da estrutura policial.

A Polícia Civil já concluiu a primeira fase do inquérito e continua reunindo provas para fundamentar a responsabilização de todos os envolvidos.

As defesas de César Sechi e Julinere Bastos foram procuradas, mas optaram por não se manifestar até o momento.

🔍 Caso Renato Nery – Linha do tempo do crime 711g