Frajola usa carro roubado por meses e só cai ao brigar com a mulher c6t6e
Karlo Aristil de Oliveira Legal foi preso pelo Garras vendendo droga em hotel 2l4p3q
Se tem uma coisa capaz de dar satisfação a policiais atuantes na ponta da linha, “a rua”, é prender quem está foragido. Na quinta-feira (20), uma ligação para o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos e Resgate a Assaltos a Banco e Sequestro) deu essa possibilidade à equipe da unidade, considerada elite da polícia judiciária sul-mato-grossense. O informante disse haver um procurado em quarto de hotel na Avenida Costa e Silva, em Campo Grande. E havia mesmo.
O cidadão em fuga, conhecido como “Frajola”, foi para o hotel depois de uma briga com a companheira, segundo relatou. De lá, acabou voltando para o lado de dentro das grades.

Depois da denúncia anônima, os agentes de segurança pública partiram para o hotel informado, já perto da hora do almoço da véspera de feriado. No quarto 108 do estabelecimento de hospedagem, o cliente era Karlo Aristil de Oliveira Legal, 34 anos, de fato um fora-da-lei.
“Frajola” tem agens por meios policiais sul-mato-grossenses há pelo menos 15 anos, por crimes de roubo, tráfico de drogas, porte ilegal de armas e receptação.
Dessa vez, estava com mandado de prisão em aberto desde janeiro do ano ado. Fugiu do complexo da Gameleira, quando cumpria pena em regime semiaberto. Deixou o cárcere tranquilamente, com autorização judicial de saída temporária de sete dias, de acordo com os detalhes obtidos pela Capivara Criminal no SEUU (Sistema de Execução Penal Unificado), plataforma concentradora das informações sobre pessoas encarceradas no Brasil.
Foi mais uma recaptura, mas não apenas isso. Karlo, revela o auto de prisão apresentado à Justiça, estava com porções de cocaína e maconha, além de uma balança de precisão – equipamento essencial na venda de substâncias ilegais. Usava para se locomover um Jeep Renegade roubado em Volta Redonda, no Rio de Janeiro, em setembro de 2021.
“Quanto ao veículo foi realizada minuciosa vistoria, constatando-se fortes indícios de adulteração dos sinais identificadores, inclusive com TRANSPLANTE DE CHASSI – PESCOÇO”, descreveu o Garras ao divulgar a prisão.
Transplantar o chassi é uma modalidade de adulteração mais recente usada pelos bandidos especializados em roubo de automóveis. Em vez de raspar ou remarcar o número identificador do veículo, é trocada a peça onde fica a inscrição, por uma retirada geralmente de sucata.

Na versão do fugitivo, comprou o jipe sem saber de tal irregularidade, quando decidiu escapar do cumprimento de pena no semiaberto.
Feita a narrativa sobre a prisão, cabe reforçar porque a coluna conta essa história neste domingo: o episódio é um de incontáveis que, por si só, revela a fragilidade do sistema nacional de persecussão a quem envereda para a criminalidade.
No vai e volta de “Frajola” para a prisão, há todo um trajeto sinalizador de que é quem cuida do tema tem muito a fazer para colocar em prática as previsões legais, notadamente o ideal de ressocialização.
Mandados de prisão cumpridos em 2023: b2y3
1693 em todo o Mato Grosso do Sul
793 em Campo Grande
Leia mais 214oh
A peneira por onde criminosos escapam à lei 3h6o4w
Frajola ficou fora do radar das autoridades por quase um ano e meio e, conforme seu testemunho ao Garras, usava há um ano o jipe com registro de crime. Nada disso o impediu de locar um quarto de hotel, de onde, conforme sua afirmação aos policiais, traficava drogas.
“Constata-se que o preso, useiro e vezeiro na prática de delitos, uma vez colocado em liberdade poderá sentir-se incentivado a incidir em novos tipos penais. Deve ser observado que a fundamentação relativa aos antecedentes é plenamente válida, pois, no caso, a periculosidade decorre do fato de constar, na folha de antecedentes do agente, condenações pretéritas. A necessidade de prevenir a reprodução de novos delitos é motivação bastante para prendê-lo”, escreveu o juiz de plantão Jorge Tadashi Kuramoto, ao homologar a prisão preventiva, neste sábado, durante a audiência de custódia.
O ado de “Frajola” 62395
A Capivara Criminal apurou que, na ficha criminal de Karlo Aristil Oliveira Legal, há anotações desde 2008. Entre elas, chama atenção a participação em um roubo no dia 23 de julho daquele ano.
Aos 20 anos, completados em março, Karlo e a então companheira foram capturados junto com mais três pessoas, uma delas adolescente. Pesava a acusação de envolvimento no sequestro um motorista de caminhão para ficar com o bem e entregá-lo a um comprador em Sidrolândia, município onde começa o trajeto para o Paraguai, destino final do veículo.
Já se tratata do golpe do falso frete, indicaram as investigações. A ordem, apurou a polícia à época, saiu de dentro de uma prisao, tal qual ainda acontece.
Por esse crime, pegou pena de 8 anos de reclusão. Em 28 de fevereiro de 2010, escapou no mesmo local de onde sumiu este ano, nas dependências da então Colônia Penal Agrícola. Assim como agora, tinha recebido autorização para “visitar o lar”, e não retornou.

Só se reapresentou em 2012 para terminar de pagar a punição. Permaneceu meses apenas. Voltou à vida clandestina em agosto do mesmo ano.
No ano de 2013, nova prisão, por estar com armamento sem ter autorização.
Em 2015, mais uma vez “caiu”, em Chapadão do Sul, trafegando em um automóvel irregular. Em sua companhia, estava Ed Carlos Rodrigues Dias, nome oficial de “Arquiteto”, ou “Heitor”, um dos implicados na operação Courrier, deflagrada em 2020, para combater núcleo de apoio a ações da facção criminosa dominante na massa carcerária em Mato Grosso do Sul.
“Heitor” estava na cela onde foram achados os bilhetes ameaçadores a autoridades do Judiciário. Foi transferido para a penitenciária federal de segurança máxima de Porto Velho. É considerado preso de alta influência negativa sobre a massa carcerária, com histórico de planejamento de atentados e ameaças a autoridades em Minas Gerais, de onde é originário.
As fontes ouvidas pela Capivara Criminal não identificaram a dimensão do envolvimento de Frajola com a facção. Ele, ao justificar sua fuga do cumprimento de pena na Gameleira, disse que estava sendo ameaçado por outros detentos.
Alegou ainda ser dependente químico e por isso o juiz solicitou da Agepen (Agência de istração do Sistema Penitenciário) a tomada de providências para atendimento ao preso.