Preso, empresário morre em cela após batida e família denuncia negligência 6c5n43
O empresário Antônio Cesar Trombini, de 60 anos, morreu após se envolver em acidente e ser preso por embriaguez ao volante. Ele tinha sido levado à Depac Cepol. d3e4e
O empresário Antônio Cesar Trombini, de 60 anos, morreu no fim da manhã de sexta-feira (2), horas após se envolver em acidente de trânsito e ser preso por apresentar sinais de embriaguez ao volante. A família denuncia que o motorista não recebeu atendimento médico correto, após a batida.
A colisão aconteceu na noite de quinta-feira (1°), na rua Arthur Jorge, centro da capital. Boletim de ocorrência indica que Antônio colidiu a caminhonete que conduzia contra um outro veículo, que seguia pela mesma via, na direção contrária.

Um casal estava no carro e uma mulher foi atendida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e levada para um hospital. Antônio também teria sido avaliado, mas, por não apresentar lesões visíveis, não chegou a ser encaminhado para uma unidade de saúde.
Ainda no local do acidente, um homem – filho do casal que estava no carro atingido pelo veículo de Antônio – chegou e se apresentou como policial civil. Segundo a família do empresário, o próprio policial, que seria de Ribas do Rio Pardo, deu voz de prisão ao motorista.
O registro policial diz ainda, que, com a chegada de uma equipe da polícia de Campo Grande, Antônio teria confirmado ter ingerido bebida alcoólica em uma confraternização. Ele aceitou fazer o teste do bafômetro, que apontou o valor de 0,90 mg/l.
Como o empresário colaborou a todo momento, ele foi levado à Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol em uma viatura, mas não no compartimento para presos.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, dois remédios – normalmente usados por hipertensos – foram encontrados em um dos bolsos do motorista.
Empresário na delegacia 5q714c
Um outro boletim de ocorrência, registrado como morte por causa indeterminada, aponta que, na sexta-feira, por volta das 11h30, um outro preso informou a investigadora que entregava marmitas do almoço que Antõnio parecia não respirar e que teria “morrido”.
Equipe do Corpo de Bombeiros foi acionada, que constatou a morte.

O registro diz ainda, que o empresário não apresentava lesões visíveis e, inclusive, estava bem em momentos que teve contato com a família e o advogado. Porém, confirma que Antônio reclamava de dores no pulso.
À reportagem, a filha de Antônio contou que esteve na delegacia logo após a prisão do pai e que permaneceu até cerca de 3 da manhã, de quinta para sexta.
“Eu fiquei o tempo todo, fui no acidente, ele estava calmo. Teve uma senhora, de uma conveniência, que chegou em mim e falou que o menino era policial, arrogante, estupido e meu pai estava quieto. Ele estava com muita dor no pulso. Falou [a mulher] que o Samu examinou e, como não tinha lesionado nada, ia liberar”, contou Vanessa Roncatti Trombini, de 34 anos, filha de Antônio.
Vanessa também revelou que o pai apresentava comorbidades. “Meu pai era obeso, hipertenso, tinha 60 anos, problemas nas pernas, problema vascular, já tinha comorbidades, mas fez exames no início do ano e estava tudo ok”.
Descoberta da morte 2x6z2k
Ainda segundo a família, mesmo o óbito tendo sido confirmado na hora do almoço, só no fim da tarde é que a família foi comunicada.
“Depois que aconteceu tudo, a pax nos avisou no final do dia, mas o óbito aconteceu entre 11 e meio-dia, não nos comunicaram. A pax só nos comunicou, porque encontrou o nome dele no sistema e entraram em contato com meu esposo por mensagem”, afirmou a filha de Antônio.
A executiva de contas também relatou que, quando foi informada da morte do pai, pelo marido, estava a caminho da delegacia. “Ate então, o Ministério Público já tinha falado que ele ia ser liberado, estava esperando a juíza de plantão liberar. Joguei o carro em cima da calçada e não pensei em mais nada”.
O laudo da morte de Antônio deve ficar pronto em até 30 dias. Mas, para a família, um funcionário do Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal) informou que o empresário, provavelmente, morreu em decorrência de um traumatismo craniano.
“O responsável do Imol falou que ele estava com o coração alterado devido ao estado dele, nervoso, pulmão estava com um pouco de secreção, porque ele estava curando de uma gripe, porém, não foi a causa da morte. A causa foi traumatismo craniano. Perguntei ‘como?’, e ele falou que poderia ter se lesionado no acidente. O cérebro estava muito inchado, cheio de sangue”, informou Vanessa.
Atendida por um advogado, a família afirmou que vai entrar na Justiça com pedido para melhor apuração do caso.
O corpo de Antônio está sendo velado no Cemitério Jardim das Palmeiras e deve ser sepultado às 15h, no mesmo local.
A reportagem procurou o governo de Mato Grosso do Sul para saber da Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) o que está sendo feito para apurar o caso.
Em nota, a Polícia Civil lamentou profundamente a morte de Antônio César Trombini e garantiu que o caso será investigado pela Corregedoria. Veja:
Assim que o fato foi constatado, todas as providências cabíveis foram imediatamente adotadas, e perícia já realizada no local. A Corregedoria da Polícia Civil procederá a apuração dos fatos, que será conduzida com total rigor, transparência e isenção.
Por respeito à família e em atenção ao devido processo legal, novas informações serão divulgadas tão logo haja avanços confirmados nas apurações dos fatos.
Reafirmamos nosso compromisso com a preservação da vida, o respeito aos direitos humanos e a integridade de todas as pessoas sob custódia do Estado.